No dia 11 de abril de 2025, Ngagne Mbaye, ambulante senegalês, foi brutalmente executado pela Polícia Militar no bairro do Brás, em São Paulo, durante uma ação de fiscalização do comércio informal. A morte de Ngagne escancara a política de extermínio em curso contra trabalhadores informais negros, imigrantes africanos, caribenhos, brasileiros e de outras nacionalidades.

O principal instrumento dessa violência é a Operação Delegada, convênio entre a Prefeitura e o Governo do Estado criado em 2009, que autoriza policiais militares de folga a fiscalizar ambulantes. É a institucionalização do “bico” policial.

A consequência disso é uma lógica militarizada de gestão, através da repressão, da criminalização e da truculência. Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas intensificaram o investimento no programa, que foi de, no mínimo, R$120 milhões em 2024, e de R$182 milhões previstos para 2025, segundo dados oficiais do orçamento anual da Prefeitura.

Por meio da Operação, os tradicionais locais de comércio popular na cidade são transformados em verdadeiros campos de batalha. Práticas cotidianas de violência, extorsão por métodos milicianos, corrupção, somadas ao desmonte das poucas garantias legais do trabalho ambulante, colocam os trabalhadores em condição de extrema precariedade, vulnerabilidade e risco.
Ao contrário da violência praticada pelo Estado, o comércio ambulante não é crime. É trabalho, sobrevivência e resistência.

Apesar da repressão, os trabalhadores e trabalhadoras seguem firmes e exigem o direito de exercer suas atividades com dignidade, acessar a cidade, ocupar o espaço público e viver sem medo.

Por isso, nós, trabalhadores ambulantes, movimentos sociais, organizações de direitos humanos, associações de migrantes e mandatos parlamentares, lançamos a CAMPANHA PELO FIM DA OPERAÇÃO DELEGADA.