O Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos iniciou as atividades no projeto de formação com imigrantes que moram em quatro ocupações localizadas em diferentes regiões da cidade de São Paulo. São elas: Haiti (Vila Prudente), Capitão Salomão e República (centro), Vila das Belezas (Zona Sul) e Penha Pietra (Bela Vista). A viabilidade financeira do trabalho se dará através de uma emenda parlamentar assinada pela deputada Erika Hilton e executada por meio de Termo de Fomento com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.

A proposta surgiu em razão do grande número de imigrantes vivendo em ocupações na cidade de São Paulo. São diversos relatos de dificuldades para acessar moradia, realizar trabalhos formais e trazer a família para o Brasil. 

Como será o projeto?

Ao longo de 12 meses, o projeto do Centro Gaspar Garcia, intitulado “Atuação junto às ocupações na cidade de São Paulo com presença de imigrantes”, irá realizar uma formação por mês em cada uma das quatro ocupações e outros dois encontros gerais, reunindo os imigrantes de todas as moradias. Para começar o trabalho, já foram realizados encontros de escuta ativa, onde a equipe de educadores do Centro Gaspar Garcia ouviu relatos sobre a dificuldade dos imigrantes no acesso à regularização migratória e outros documentos básicos para acessar serviços públicos, como o atendimento pelo SUS ou a matrícula de seus filhos em escolas. 

Os imigrantes também trouxeram algumas das principais dificuldades que têm enfrentado no Brasil para acessar serviços de acolhimento e proteção social, e para garantir sua inclusão social e ter assegurados seus direitos políticos, civis e sociais. 

Muitos dos imigrantes que vivem em ocupações vieram para o Brasil em busca de trabalho e melhores condições de vida, mas aqui enfrentam dificuldades para encontrar emprego formal e acabam recorrendo às ocupações para ter um teto sobre suas cabeças. Essas comunidades também enfrentam desafios como a falta de água, eletricidade e saneamento.

“O trabalho e a moradia deveriam ser garantidos por todos que vivem no Brasil, independente de sua nacionalidade, mas isso não é a realidade e é por isso que iniciamos este projeto, com formações que orientam os imigrantes quanto a seus direitos e como acessá-los”, comenta Juliana Avanci, responsável pelo projeto.

Outro ponto comum trazido em relatos dos imigrantes e que deve ser debatido nas formações é a busca pela reunião familiar e todas as dificuldades de trazer seus entes queridos para o Brasil mesmo estando – também aqui – em contexto de vulnerabilidade. “Mas apesar dos muitos desafios enfrentados pelos imigrantes, eles encontram em São Paulo, sobretudo nas ocupações, uma comunidade acolhedora e solidária, construindo espaços onde possam compartilhar sua cultura e as vivências do país de origem, além de trabalhar juntos, se solidarizar e se organizar coletivamente para superar obstáculos e lutar por direitos”, destaca Juliana.

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